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Este militante anti-cinzentista adverte que o blogue poderá conter textos ou imagens socialmente chocantes, pelo que a sua execução incomodará algumas mentalidades mais conservadoras ou sensíveis, não pretendendo pactuar com o padronizado, correndo o risco de se tornar de difícil assimilação e aceitação para alguns leitores! Se isso ocorrer, então estará a alcançar os objectivos pretendidos, agitando consciências acomodadas, automatizadas, padronizadas, politicamente correctas, adormecidas... ou espartilhadas por fórmulas e preconceitos. Embora parte dos seus artigos se possam "condimentar" com alguma "gíria", não confundirá "liberdade de expressão" com libertinagem de expressão, considerando que "a nossa liberdade termina onde começa a liberdade dos outros"(K.Marx). Apresentará o conteúdo dos seus posts de modo satírico, irónico, sarcástico, dinâmico, algo corrosivo, ou profundo e reflexivo, pausado, daí o insistente uso de reticências, para que no termo das suas incursões, os ciberleitores olhem o mundo de uma maneira um pouco diferente... e tendam a "deixá-lo um bocadinho melhor do que o encontraram" (B.Powell). Na coluna à esquerda, o ciberleitor encontrará uma lista de interessantes sítios a consultar, abrangendo distintas correntes político-partidárias ou sociais, que não significará a conotação ou a "rotulagem" do Cidadão abt com alguma dessas correntes... mas tão só a abertura e o consequente o enriquecimento resultantes da análise aos diferentes ideais e correntes de opinião, porquanto os mesmos abordam temas pertinentes, actuais, válidos e úteis, dando especial primazia aos "nossos" blogues autóctones... Uma acutilância aqui, uma ironia ali, uma dica do além... Assim se vai construindo este blogue... Ligue o som e... Boas leituras.

sábado, 30 de abril de 2011

A FILOXERA



A FILOXERA

Depois de uma balda prolongada, cá o Cidadão abt constatou que não completamente erradicada da famosa rua dos vinhedos, mas apenas entre a rua da Maria da Lança e as Arreciadas, a filoxera se transferiu para as artérias da capital das tramagas, começando a carcomer as raízes das ruas da Belavista...
...rua da Quinta dos Bicos...
...e rua da Barca!
 Aquele desiderato avança com tal embalagem pelo subsolo que não se pode lá meter rodinha ou pezinho sem que daí resulte dano!
Por'li há muito que não se ouve tocar rabeca devido às cordas frouxas e o fole da sanfona acusar fugas de ar devido a exposição prolongada às radiações solares cada vez mais agressivas por mor do buraco no ozono e o Barão Vermelho deixar de sobrevoar a região em voos rasantes e de espintalgar cruzes gamadas na fuselagem do seu fokker!
Como se esta maleita não chegasse, encontramos vestígios de míldio, outra peste migrada dos vinhedos, que grassa pelas valetas, chegando a trepar aos postes da vila ribatejana, apalpando-lhes as canecas!
A sebastianista Matri-Harka que nas manhãs de nevoeiro nos tem surpreendido ao surgir-nos envolta em alentejano capote, mais se empenha nas cenas antigas, por cada dia vencido.
Uma mórbida fixação que não descura desde a sua investidura, entrementes solidária com a grã-mestra guardiã das múmias e jarrões gregos.
Antes que se lhes esgotassem os fundos comunitários a aplicar carinhosamente no Museu Ibérico de Arqueologia e Arte sobejamente conhecido pelo seu miar... ambas deram à luz uma feudal Rede Museológica...
Brrummmm...
E...Ena, c’a ganda susssto!... Pá!
Raiuos e corwiscos!!!
Qwe atré um tuípiko swe artapralha fôdo a  escwevbber!!!
Caíu um relâmpagdo lá fora e o Cidadão abt dweu um pyulo na cadweira e tuido, mas agora já está melhorzjito!
Bom... a tremar das prernas mqas un burkadinhú mejwlwor...
O Concilio dos Faraós não estará a curtir bué estes escritos... Oh, pá... vocês aí em cima, tendes que vos aguentar... à bronca!
Adiante...
Com o feudo tubuco teso que nem um cagapau, o mal das vinhas progredirá por toda a região até alcançar as autárquicas!
De tramagas é que nem pelas arribas junto às tágides águas se descortinarão tais plantas!
in " tramagal.blogspot.com"
Baseados nas ex-kulturas das alfaias, ceifeiras debulhadoras e Berliet’s ex-postas na via pública, incorrendo em contra-ordenação rodoviária por estacionamento abusivo, para o asfalto derretido poderão transplantar os choupos e os salgueiros desbastados junto às tágides margens, rentabilizando os espaços vagos com a rotatividade de sementeiras de cenouras, nabos, couves e repolhos!
Será nessa altura que os executantes com blogger’s à caldeirada, de teclados, palhetas, cordas e foles recuperados, voltarão a afinar os instrumentos, ganhando novos fôlegos para comporem lindas melodias que suplantarão qualquer clássico, espreitando os bandos das arruadas pelas esquinas!
Os peixinhos do açude voltarão a levar com os sermões do Santo António que com excelentes desovas verbais lhes tentará abrir comportas e passagens... e os carôchos farão inovadoras e excelentes bolas de trampa, sempre às arrecuas!
Com uma troika devoradora de autarquias e a antecipada comitiva ex-kultural a protocolar o Núcleo Museológico para a região, não se sabe muito bem se os acordes manterão o mesmo compasso.
É de um tipo ficar doente de todo!
Enquanto esses tempos inspiradores não chegarem caberá aos actuais regedores repavimentarem devidamente as ditas ruas como mandam as normas da casa e não atamancarem as irregularidades com duas carretas de alcatrão e três pazadas de areia do rio!

domingo, 17 de abril de 2011

O MIAA E O FMI



O MIAA E O FMI


Com a capitulação económica de Portugal, os dominicanos poderão dormir descansados porque uma das rotas internacionais que cruzará Tubucci será a dos homens do Fundo Monetário Internacional.
Nos cocurutos da urbe tão depressa não veremos crescer uma pirâmide, uma esfinge, quiçá um faraó, isto é, se desde o início da miática epopeia, os planos do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte não passaram de mero projecto para entreter o imaginário do pagode pelos recantos do Museu D. Lopo de Almeida, embutido nas arcadas da igreja de Santa Maria do Castelo, reforçando as contas bancárias da meia dúzia dos invariáveis senhores para quem os alegretes tubuccianos contribuíram com uns módicos 1.150.192,00 €uros.
Como cá o Cidadão abt ia escrevendo no início desta treta de crónica bastante desagradável para alguns despeitados, Portugal está sem tusto perdendo a capacidade de negociação e ficando sujeito às decisões dos senhores do FMI que vieram pôr ordem no galinheiro, implementando distintas regras e algumas das medidas que deveriam ter sido aplicadas a seu devido tempo, como seja a reorganização das divisões administrativas, aglutinando concelhos e freguesias e reformulando os meios humanos e logísticos da administração autárquica no sentido de reduzir o despesismo de tais organismos, muitos deles, fomentadores de grandes máquinas público-privadas sugadoras dos cobres populares.
O governo que resultar das próximas eleições de 5 de Junho do ano da graça de 2011, seja ele de coligação, de maioria absoluta ou de maioria relativa, pouco ou nenhum poder decisional terá em determinadas matérias, reflectindo-se nas administrações municipais que ficarão sem grande espaço para manobras na casa branca.
E, se as equipes do FMI vierem até este feudo tubuco e calhando, analisarem o faustoso projecto do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte desenrolado sobre o estirador, decerto exclamarão:
“Oh pá! Ganhem juízo!”

sábado, 9 de abril de 2011

ROUTE 118


ROUTE 118

Foi num cálido entardecer de terça-feira 5 de Abril do ano da graça de 2011 do Século XXI que um veículo arrastando sua pesada carga de madeira de eucalipto entre Rossio ao Sul do Tejo e o Tramagal, encaixou os rodados posteriores de seu reboque entre o limite de alcatrão e o rail de protecção da Estrada Nacional 118.
“Vem por aqui” – dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: “vem por aqui!”
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali…”
Com o arrastar da noite e as tentativas frustradas para dali se soltar, resultou pior a emenda que o soneto!
“Ninguém me diga: “vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou…”
Desemborcou-se pela ladeira só parando junto à linha da Beira Baixa, qual carocho de patinhas para o ar!
“Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos…”
Durante todo o dia seguinte foi um ver se te avias de homens e máquinas resgatando a madeira e o ferro retorcido que repousavam no fundo do pequeno vale reentrante à estrada.
Ao fim daquela tarde de quarta-feira o troço abriu ao trânsito... revelando que no fatídico local, se tinha feito um serviço tipicamente português!
Devido ao voluntarismo das pesadas máquinas de resgate,  o pavimento houvera descaído uns quantos centímetros na convexa curva da estrada, provocando qual concavidade até mielas da faixa, convidando os dinâmicos veículos e seus incautos ocupantes a aproximarem-se involuntariamente da falsa berma que apontava à ausência dos rails protectores com enorme desejo de engolirem o abismo por onde mergulhou o camionista contribuinte.
“Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí…”
Uma frágil e estreita faixa de plástico delimitava o perigoso intervalo, assinalando parcamente o perigo iminente.
“Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?…
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos…”
Na aproximação daquele local não se vislumbrava sinal de trânsito que antecipasse os condutores para a incomum situação.
“Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios…
Eu tenho a minha Loucura!”
Nos primeiros tempos os habitués estariam atentos ao facto mas com a rotina e alguma chuva à mistura, os menos atentos ali poderiam adquirir outra noção de dinâmica, de física, de gravidade e dos prestimosos serviços do INEM.
“Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
 – Sei que não vou por aí!”
Retalhos do poema “Cântico Negro” de José Régio.