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Este militante anti-cinzentista adverte que o blogue poderá conter textos ou imagens socialmente chocantes, pelo que a sua execução incomodará algumas mentalidades mais conservadoras ou sensíveis, não pretendendo pactuar com o padronizado, correndo o risco de se tornar de difícil assimilação e aceitação para alguns leitores! Se isso ocorrer, então estará a alcançar os objectivos pretendidos, agitando consciências acomodadas, automatizadas, padronizadas, politicamente correctas, adormecidas... ou espartilhadas por fórmulas e preconceitos. Embora parte dos seus artigos se possam "condimentar" com alguma "gíria", não confundirá "liberdade de expressão" com libertinagem de expressão, considerando que "a nossa liberdade termina onde começa a liberdade dos outros"(K.Marx). Apresentará o conteúdo dos seus posts de modo satírico, irónico, sarcástico, dinâmico, algo corrosivo, ou profundo e reflexivo, pausado, daí o insistente uso de reticências, para que no termo das suas incursões, os ciberleitores olhem o mundo de uma maneira um pouco diferente... e tendam a "deixá-lo um bocadinho melhor do que o encontraram" (B.Powell). Na coluna à esquerda, o ciberleitor encontrará uma lista de interessantes sítios a consultar, abrangendo distintas correntes político-partidárias ou sociais, que não significará a conotação ou a "rotulagem" do Cidadão abt com alguma dessas correntes... mas tão só a abertura e o consequente o enriquecimento resultantes da análise aos diferentes ideais e correntes de opinião, porquanto os mesmos abordam temas pertinentes, actuais, válidos e úteis, dando especial primazia aos "nossos" blogues autóctones... Uma acutilância aqui, uma ironia ali, uma dica do além... Assim se vai construindo este blogue... Ligue o som e... Boas leituras.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O TRANGLOMANGO


O TRANGLOMANGO

Sendo um exímio escrevinhador de disparates, cá o Cidadão abt aproveita esta deixa para digitar mais uma crónica meio marada, desta feita, baseada em puras conjeturas e meras suposições, cuja semelhança com a realidade não passará da mais elementar coincidência.
Vamos supor por exemplo que existia um Centro Hospitalar com área de influência em determinada região, composto por três edifícios equidistantes em cerca de trinta e quatro quilómetros, estando um localizado em Torres Novas, o segundo em Tomar e o terceiro em Abrantes, cujos colaboradores, desde o sector administrativo, pessoal auxiliar e equipas médicas e de enfermagem seriam excelentes profissionais, extremamente prestáveis e inexcedíveis no trato para os tais que só se lembrariam de Santa Bárbara quando trovejasse e nos momentos aflitivos estariam mais impacientes do que pacientes com a tempestade no canal...
Palpitemos agora que cada uma destas três unidades hospitalares se encontraria limitada à prestação de determinadas valências...
Ou seja, aquilo que se trataria numa, não se retrataria nas restantes...
Suponhamos por exemplo que entretanto dava um tranglomango a qualquer cidadão, ali à Alameda Um de Março da cidade de Tomar, precisamente a quatrocentos metros do quartel dos bombeiros e a dois mil metros do hospital local...
 Vamos imaginar que para sua salvação, um dos transeuntes solicitaria os imprescindíveis serviços de emergência médica...
-Aqui funcionam as articulações...
A chamada de emergência para 112 seria atendida na Central de Emergência da Policia de Segurança Pública que caso assim o justificasse, a reencaminharia para o CODU que consistiria num Centro de Orientação de Doentes Urgentes, sob a tutela do INEM que seria o Instituto Nacional de Emergência Médica, sito em Lisboa, onde o senhor doutor do call-center injetaria uma triagem de questões ao interlocutor, tomando quatro vertentes por suporte, nomeadamente a situação clínica da vítima a fim de se efetuar a seleção dos equipamentos e meios a enviar, a proximidade e quais as acessibilidades ao local da ocorrência... 
Interrogatório para um lapso de tempo de três a cinco minutos de conversações, isto na melhor das hipóteses...
Conjeturemos por exemplo que devido a complicações cardiovasculares, o desafortunado utente necessitaria de assistência médica imediata...
Alvitremos que para estas situações, o CODU-Centro de Orientação de Doentes Urgentes, entraria de imediato em contacto com a única base da região, onde se encontrariam estacionadas as equipas médicas da VMER-Viatura Médica de Emergência e Reanimação que se poderia localizar por exemplo a cerca de trinta e cinco quilómetros do local da ocorrência, nomeadamente nas portas do cavalo do Hospital de Abrantes...
 Por sua vez, depois do lapso de tempo necessário para a tripulação se recompor, desperdiçaria uns escassos vinte minutos a transpor o Vale do Zêzere, voando baixinho e em duas rodas, isto é, se entretanto a viatura não encontrasse empatas móveis ou imóveis e não se espatifasse pelo caminho o que resultaria na dilatação do tempo previsto...
Alvitremos que entretanto o aziado freguês necessitaria ser transportado de urgência...
Por exemplo para o Hospital de Torres Novas sito a vinte e cinco quilómetros e a quinze minutos do local, onde lhe seriam prestadas as valências necessárias à convalescença...
Nesta situação, entretanto o CODU-Centro de Orientação de Doentes Urgentes também haveria solicitado à instituição mais próxima a cedência de uma unidade móvel “tipos” Automaca com Suporte Básico de Vida...
Imaginemos que devido aos cortes financeiros implementados pelo impiedoso Governo da República, essa instituição estivesse a tenir em indisponibilidade de meios logísticos e a viatura operacional indicada para esse fim se encontrasse a efetuar outro serviço...
-Prontos! Está bem! Não vamos ser tão pessimistas...
 Se relativamente à ocorrência, pelas ruas Carlos Campeão e Amorim Rosa, o Quartel dos Bombeiros Municipais distasse trezentos e setenta metros, a tripulação desperdiçaria um pequeno lapso de dezoito minutos de tempo, desde a escorregadela no varão até o alcance da vítima, distancia que dois escuteiros a penantes, de bornais a tiracolo, maca de lona nas unhas e articulações desenferrujadas, levariam cerca de quatro minutos a vencer...
-Nada mau...
Para o efeito, de nada lhe valeria uma Viatura de Suporte Básico de Vida sem a presença da tripulação da VMER-Viatura Médica de Emergência e Reanimação...
Apenas serviria para praticar o“rendez-vous” que consistiria no transporte da vítima após uma estabilização primária, indo ao encontro da equipe médica que entretanto teria progredido meio caminho...
Imaginemos que em tão curto lapso de tempo, o freguês se aguentaria à bronca sem transpor os portões de São Pedro...
Nesta hipótese seria emalado na Viatura com Suporte Básico de Vida que, perseguida pela VMER-Viatura Médica de Emergência e Reanimação, avançaria direito ao Hospital de Torres Novas onde encontraria a valência adequada à sua situação clínica...
Portanto, para este caso hipotético teríamos um tempo de espera de cerca de vinte e três minutos desde a participação da ocorrência até à chegada da primeira viatura de socorro, trinta e cinco minutos a aguardar pela equipa médica que gastaria mais dez minutos com o diagnóstico, estabilização e preparos para a viagem, em suma, seriam contabilizados uns escassos oitenta minutos, (uma hora e vinte minutos) desde a participação do trangalomango até o protagonista dar entrada na valência correspondente às suas necessidades...
Se entrementes o impaciente não registasse estabilização, seria requisitado o Agusta que mais chegadinho aos domínios celestiais o recambiaria para um Hospital Central de Lisboa, Porto ou Coimbra.
Calculemos que o incidente sucedia numa aldeola recôndita da área de influência do Centro Hospitalar do Médio Tejo...
Na freguesia da Serra, do Concelho de Tomar...
Vamos escolher um hipotético local próximo das águas do Zêzere...
O tranglomango dar-se-ia por exemplo na povoação de Vila Nova, com o Souto de Abrantes testemunhando os factos na outra margem da albufeira do Castelo de Bode...
Só para termos uma idéia do tempo que gastaria e da distância percorrida pela VMER-Viatura Médica de Emergência e Reanimação que disparasse em voo rasante desde o Hospital de Abrantes...
Evitando dar o grande giro pela A23 via nó da Atalaia que seria andar para trás e perder tempo, a viagem resultaria nuns escassos trinta e cinco minutos investidos a percorrer os cinquenta e três quilómetros, trinta e cinco destes descevendo contracurvas, somados ao tempo desperdiçado com os preparos, telecomunicações e afins.
Poderíamos arriscar que estes timings seriam advindos de teóricas conjeturas na medida que em termos práticos, se estenderiam em aproximadamente trinta pontos percentuais caso o trânsito regional optasse por evitar as portagens e ao intensificar-se nas vias nacionais e municipais, mostrasse dificuldade em se arrumar... 
Registo fotográfico da ocorrência a 16/2/2012 pelas 11h50m no cruzamento de Vale de Rãs, cerca de trinta e seis horas após a publicação deste post.
Situação agravada se, afim de satisfazerem as exigências de contenção económica, as hipotéticas reestruturações administrativas do Estado e afins, mobilizassem os habitantes dos distintos centros urbanos a deslocarem-se diariamente para fora da sua zona geográfica de conforto...
Poderia esta articulação de meios prever a disponibilização de uma LMER-Lancha Médica de Emergência e Reanimação...
Calculemos que o tranglomango acontecia no Espite, uma aldeola do concelho de Ourém e já eram cento e sessenta quilómetros bem batidos ou por exemplo o tranglomango se desse em Dornes, um idílico cantinho do concelho de Ferreira do Zêzere, metiam-se aproximadamente uns módicos cento e cinquenta quilómetros na viatura até a bendita regressar à base...
-Contas simples...
Para a VMER-Viatura Médica de Emergência e Reanimação, seria questão para elevar as estimativas de tempos e distâncias para o dobro...
Suponhamos que toda esta articulação se deveria a uma racionalização de meios devido a uma gestão tecnocrata e economicista, que resultaria em riscos acrescidos para os utentes do Médio Tejo.
-Na verdade isto nunca aconteceria pois não passa de meras conjeturas sem fundamento de alguém com imaginação fértil que resolveu fazer um ensaio literário na blogosfera, porque todos nós estamos cientes que a realidade efectivamente é bem diferente e que sob a tutela do Ministério da Saúde, o Centro Hospitalar do Médio Tejo tem colocado as pessoas da sua área de influência em primeiro lugar.