OS CLEPTOBRONZES
Lá para as bandas da Malásia, na Ilha do Bornéu onde viveu o ficcionado Sandokan e Luiz Vaz de Camões derreteu alguns anos da sua vida combatendo o piratedo, existiu a tribo dos Dayaks
que nas horas vagas se entretinha a decapitar os cobradores de impostos e o
pessoal invasor, espetando as cabeças das vitimas na ponta de paus que deixavam
mirrar à torreira do Sol, causando estranhos odores e consequente repulsa nos
potenciais candidatos ao território indígena mais não se esmiuçando pormenores, caso em que pela certa o ciberleitor regurgitaria bílis e fel...
- ' !Clap!' "
Foi uma mosca que poisou aqui na sandes...
Escusado
será explicar que nestas circunstâncias, as cachopas da tribo Dayak só acasalavam com primos do primeiro grau!
Para que as vísceras não fossem transportadas pelo mosquedo, com
a introdução de novas tecnologias de ponta, inventaram-se fornos crematórios bastante sofisticados onde passaram a enfiar as cabeças!
Na
Europa ocidental desenvolveu-se outra tribo que mais tarde se dedicaria à colecta de cabeças constituídas
por ligas de cobre e estanho...
São
os Cleptobronzes, minoria
presumivelmente ambientalista que não se deixando mostrar ao povo, se organiza em pequenos clãs e em rituais secretos crema os bustos capturados pela calada da
noite, extraindo-lhes o Cu 69, metal
de massa atómica 63.6, mais-valia para sobreviverem acima das possibilidades,
amealhando cobres complementares aos subsídios de reinserção, aleitamento e rendimentos mínimos que lhes são pagos pelos contribuintes que trabalham para os descontos
da SS (Segurança Social) e afins.
Isto
vem a propósito que sempre adiantada, inclusive na evolução antropológica do homo-sapiens inter pares, também a
urbe abrantina possui os seus Cleptobronzes e vasto território onde poderão efectuar a limpeza étnica das figurinhas bronzeadas que salpicam a urbe...
Também
há por aí algum alumínio a mais, ora na água da Concavada,
ora nas torneiras da Bemposta, sendo-nos cobrado na tarifa de resíduos sólidos variável à ordem de 0,1494€ por cada metro cúbico consumido , importância a vigorar no momento em que este post foi publicado...
Na
urbe tubuca vai para dois anitos que o busto do benemérito Dr. António Augusto da Silva Martins resolveu sacrificar os seus prestimosos
cobres em benefício dos Cleptobronzes,
apeando-se discretamente do pedestal sito no Jardim do Castelo!
Se
bem repararem o local está assombrado, acarretando bastantes dificuldades na
captura de imagens...
Quanto a D. Francisco de Almeida, talvez os Cleptobronzes tenham algum receio em se ferirem no fio da espada porque segundo consta, D. Francisco tem por hábito usar a espada para aparar os pelos da barba... Mas um dia, marcha.
Seguiu-se-lhe a esfinge de Nuno Álvares
Pereira que arrastando dois pesos de consciência, um porque no sítio do Outeiro não cabia tamanho contingente de
tropas em campanha que partiram para Aljubarrota
como tem sido por aí alvitrado...
...e o outro porque a dita batalha não passou dum terrível massacre onde sete castelhanos preferiam ser
incinerados numa fornalha de pão, a maltratados pela ala dos namorados que
rejeitaram os préstimos amorosos da fogosa padeira Brites...
De Almeida?
Uma
feiosa do camandro!
Reza a estória que quando a fulana abria a boca ou as pernas, emanava um odor idêntico ao das cabeças da tribo Dayak!
Azar
dos azares, os sete castelhanos foram agarrados pela Brites que alvoraçada por carência d'homem se lhes afilou aos bofes, acariciando-os com o seu dispositivo erógeno até não mais poder!...
Como
a crise é grande e os Cleptobronzes
andam à rasca de finanças que nem lhes chega pr’á gasosa dos bólides, aí pelo
dia 20 de Maio resolveu o benemérito Actor Taborda, (vizinho da presidente do município tubuco cuja
residência tem alarme armado e a dona muito insistido em referir o
injustificado sentimento de insegurança da população que rege)...
...doar o seu busto
que há uma parga de décadas dormia ao relento no centro do jardim
com a sua toponímia, contribuindo assim para o desafogo financeiro da
tribo noctívaga.
Os
Cleptobronzes têm futuro em Abrantes, podendo aproveitar os
incentivos fiscais para microempresas na medida em que a recolha de
artefactos, bustos e estátuas para posterior cremação será uma actividade
inovadora, havendo muito serviço a desenvolver na região, senão vejamos:
Começando pela Praça Raimundo Soares, estão por
lá três mulheres numa calhandrice pegada, não havendo meio de encherem os
cântaros e enervando bué quem passa, por nunca se saber muito bem de quem estão a falar...
Descendo
ao Largo Ramiro Guedes, caiu ali uma
palmeira que há muito se mantém atravancada no caminho, não havendo serviço
camarário que se preste à sua remoção do local...
Mais
abaixo, a babosa estilizada ainda vaza a vista de alguém!!!
Contradizendo a
ordem natural, a planta tem as raízes amargunçadas na água desconhecendo os
engenheiros urbanos que aquilo é um cactáceo da tribo dos aloés, planta carnuda que dispensa água, conservando-a no seu íntimo.
A razão para que mantenham a babosa permanentemente humedecida talvez se prenda com as suas propriedades antioxidantes...
Cristóvão Colombo administrou-a aos seus marinheiros para lhes acelerar o trânsito intestinal...
Ora devido
ao muro prantado onde há muito se destilam diarreias
mentais, seria benéfico que o clã de Cleptobronzes
levasse a babosa bronzeada dali para
fora!
Mais
ao lado, no Largo João de Deus, aquela
minhoquice estrangeirada distinguida do ar só serve para levar pombos, pardais e outros
passarões ao engano!
O pessoal frequentador das feiras poderá confundir aquilo com porras recheadas, arriscando-se a quebrar os dentes numa trinca mal dada... É que o Senhor Diniz além de aposentado, agora está mais virado para a carripana Citroën da Calouste Gulbenkian e a literatura juvenil!
No enquadramento da tese de Colombo, cá a Companheira disse que estes bronzes poderão representar tripas de porco, alusivas aos enchidos de Rio de Moinhos...
Pelo aspecto, provenientes do intestino grosso do suíno, seriam indicadas para confeccionar paios e morcelas de arroz... pondo-se igualmente em cima da mesa a hipótese das vísceras bronzeadas aludirem a tripas à moda do Porto ou ao bucho do Pego...
Porém, excursão de turistas muçulmanos que encarasse este sórdido cenário, entraria de imediato em estado de choque desatando em lamuriosos prantos de "ala a que bar!!!"e indo terminar nos serviços de urgência sistematicamente lotados do Hospital Dr. Manuel Constâncio onde se desencadearia uma réplica do Ramadão no jardim adjacente e respectivos corredores...
Voilá, senhores! Para evitar situações constrangedoras, aqui os Cleptobronzes não terão mãos a medir.
Desde
a maldição lançada ao petrificado Albanito
que há trabalho redobrado na escadaria da Praça Barão da Batalha...
Estão lá um dandy, um idoso caixa d´óculos e a Matri-Harka com o seu esquivo Albanito, ocupando o lugar dumas quantas pessoas que desejem assistir aos
concertos jovens a despoletar-se durante o horário normal de trabalho, atroando os tímpanos dos fregueses e lojistas circundantes.
Se bem o recordarem, este miúdo protagonizou uma rocambolesca aventura sem paralelo na região tubuca, tendo o trágico desfecho acontecido exactamente na Praça Barão da Batalha!
Aqueles bronzes permanentemente sentados no anfiteatro ao ar livre incorrem na prática de estacionamento abusivo sem dístico!!
Se algum dia depararem com esta situação, não estranhem... será naturalmente a bisavó dos Cleptobronzes fazendo horas extra, numa diurna...
Outra coisa que tem feito bastante confusão será a presença do caixotão cinzento e de testa verde, sitiado entre a boca-de-incêndio e o marco do correio, na extremidade sul da praça mais frequentada da cidade...
De
repente aparenta ser uma máquina de jogos electrónicos como as dos casinos, mas
não tem greta para enfiar a moedinha...
Depois
já nos parece um televisor...
Estará
alguém lá dentro a ver quem passa no largo?!
Será
aquilo uma espécie de posto telefónico de SOS
ao género dos que encontramos à beira das auto-estradas?
Talvez
os engenheiros da autarquia tubuca
tenham explicação plausível para tal mistério ou deva ser serviço mais indicado
para os sucateiros...
Mais ao lado por enquanto podemos encontrar o busto do General Avelar Machado que passaria despercebido se lhes tivessem deixado crescer o matagal em redor mas assim dá muito nas vistas.
Sendo a constante manutenção do espaço envolvente uma grande dor de cabeça para a autarquia tubuca, recomendava-se aos Cleptobronzes regionais que para não perturbarem ao transito nas horas de ponta, executassem a recolha nocturna do conteúdo, poupando o General a insolações e a farfalhitas de pombo!
Reparam na mulher contorcida junto à Biblioteca António Botto que nos faz lembrar uma ginasta, uma vitima de violência doméstica
ou então uma pessoa embrenhada em profundos pensamentos?
Com tanta gente por aí
a pensar por nós, dispensa-se aquela imagem degradante podendo a tribo dos Cleptobronzes dar um jeito na coisa.
Descendo
até ao Rossio ao Sul do Tejo encontramos a
representação estilizada de uma embarcação fluvial movida à vela...
Ora bem, com o açude desinsuflável atravancado no caminho,
não há lampreia, charrôco ou fragata que suba o Tejo e só as fanecas vindas dos mares salgados o conseguindo fazer de carrinho, razão para que
as âncoras estejam ali a mais!
A faneca bronzeada pode ficar, se faz favor!
O busto do Soares Mendes causa-nos nervos
miudinhos!
Nunca se sabe quando é que ao apear-se dali, o homem apanha com um veículo embolado do Pego, que possa interferir na alavancagem do pé-de-cabra!!!
Indo
até ao Tramagal, o que encontramos no
Mirante?
O
Comendador Eduardo Duarte Ferreira!
Com
o fim da guerra colonial foram-se as Berliet’s
enquanto da Roménia um engenheiro
dissidente nos trouxe os Portaros!
Depois os Pajeros vieram do Japão e assim sucessivamente.
Como não se fartasse de bronzeados, o homem ficou para ali solitário, apanhando Sol e a pregar para o deserto!
Haja alguma complacência para com este busto!
O Doutor João José Alves Mineiro é o mais puro exemplo de como em casa de ferreiro, espeto de pau!
Deveriam os autarcas deveriam estar cientes que nem só as vagens das favas secas provocam erupções cutâneas como também o algodão dos plátanos causa irritação, inclusive nas faringes das esfinges!
Plantaram a lápide do médico no Ribeiro Seco, perto da praga de plátanos que vem sitiando o Jardim da República da vila convívio, ora vejam bem!
Pelo homem ter sido o primeiro médico e benemérito da terra, não significa que esteja imune a essas árvores letais que debaixo para cima mais cedo ou mais tarde as raízes lhe irão castrar os fundilhos da lápide!
A solução para evitar tanto sofrimento na esfinge que nem espirrar pode, passa por arrancá-la dali, missão dificuldade reduzida para Cleptobronze que se preze.
Na
Concavada encontramos a cabeça de António Botto, o tal poeta que errou na profissão porque gostava
de criancinhas e o primeiro homossexual a ter honras de ser oficialmente
reconhecido pelo Governo da nação.
Se o projecto da rota gay fosse avante, seria
interessante incluir uma romaria ao Jardim
António Botto, podendo aproveitar-se algum espaço para desenvolver o tal
viveiro de broboletas que foi
magicado para as estufas da Escola Dr. Manuel Fernandes, em Abrantes...
-A
propósito, sabem onde é que o homem tem mais carne ao pendurão?
Não
sendo assim, o busto pode ser incinerado que não faz ali falta alguma!
Adiante
que se faz tarde...
Dando
uma volta ao bilhar grande, podemos constatar que a greta da ponte municipal que cruza o Tejo, a caminho das Mouriscas, se encontra reparada e devidamente coberta com uma grelha!
Afinal aquilo foi o esfíncter do tabuleiro que se houvera devassado com o uso, tecnicamente designado por junta de
dilatação!
Já
na Mouriscas que é nome lindo para uma aldeia, damos com uma preciosidade
cravada no canteiro fronteiro à da Escola Profissional
de Desenvolvimento Rural de Abrantes!
É a esfinge do Professor Matias Lopes Raposo que ali está plantada!...
Aquilo não é tentação para Cleptobronze
que se preze?
Ora reparem na atenção que este aluno dispensa ao seu mentor...
O homem ali, que nem um livro aberto... faltando-lhe as sílabas que presumivelmente terão condimentado uma sopinha de letras confeccionada pelos Cleptobronzes.
Certo
que aquilo “é pedra” contextualizada aos mais recentes códigos de comunicação mas abstraindo-se ao evidente, o jovem entretêm-se com o sacana do gadjet!
Haja quem lhe explique que os aparelhos electrónicos colocados junto aos órgãos genitais afectam negativamente a performance sexual!
Dizem que tais disfunções são influenciadas pelas radiações electromagnéticas.
Finalmente
regressados a Abrantes damos com uma
família inteira de bronzes constituída pelo pai, a mãe, a filha espigadota e um filho
menor...
Reparem na atenção que os progenitores dispensam ao puto enquanto a cachopa parece olhar as gaivotas que esvoaçam no firmamento...
Devia estar a adivinhar-se uma tempestade quando ficaram para ali petrificados...
Uma
espécie de lava súbita cuspida do monte
Vesúvio, ou coisa do género os terá surpreendido...
Cá
o Cidadão
ariscaria que os fulanos demonstram um certo desprezo pelos turistas...
Alguém os ameaçasse com os Cleptobronzes,
que são implacáveis caçadores de bustos, eteceterital, e veriamos se essa
famelga não assumia outra postura mais interactiva perante os transeuntes!
Cleptobronzes incluídos, seria necessário
fretar um minibus para recolher a
família inteira!
Por exemplo... Olhem! A Busa
serve bem para esses fins!
É a viatura de uma autarquia familiarmente responsável.
Para
terminar a ronda pelas tasquinhas tubucas, a tribo poderá deslocar-se ao Quartel de Cavalaria e recolher a viatura que se encontra
estacionada à entrada da porta d'armas!
Esse
derradeiro serviço seria o sonho de qualquer Cleptobronze que se preze e o garante da reforma tribal, como se lhes tivesse
saído o euromilhões e a terminação em simultâneo!
Ah! Pois.. Faltou a resposta para a tal questão...
-É no talho que o homem tem mais carne ao pendurão!
2 comentários:
Pá!Já viste a ultima crónica do Cidadão?
Foi assim que mais uma vez consultei este seu espaço. Ri até mais não. Juntou o útil ao agradável, mantendo sempre esse seu timbre de bom humor. Uma visita à estatuária abrantina. Já o seu artigo anterior tem essas características, consistindo indubitavelmente um excelente contributo para a promoção turística da região.
Parabéns pelo trabalho de pesquisa e não esmoreça!
Olá caro cidadão abt!
À forma irónica junta-se a capacidade incrível de nos transmitir os mais variados conhecimentos :seja cultura,segurança,política,vandalismo,desemprego ,problemas que corroem a nossa sociedade,etc....etc....
Nos difíceis momentos que atravessamos em que os valores morais se perderam para muitos,parece que tudo é lícito.
Claro que não concordo com os cleptobronzes ,mas que há "muita gentinha "quais estátuas de pedra e cal,a precisarem de ser arrancadas,ai isso há...
Um abraço amigo.
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