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Este militante anti-cinzentista adverte que o blogue poderá conter textos ou imagens socialmente chocantes, pelo que a sua execução incomodará algumas mentalidades mais conservadoras ou sensíveis, não pretendendo pactuar com o padronizado, correndo o risco de se tornar de difícil assimilação e aceitação para alguns leitores! Se isso ocorrer, então estará a alcançar os objectivos pretendidos, agitando consciências acomodadas, automatizadas, padronizadas, politicamente correctas, adormecidas... ou espartilhadas por fórmulas e preconceitos. Embora parte dos seus artigos se possam "condimentar" com alguma "gíria", não confundirá "liberdade de expressão" com libertinagem de expressão, considerando que "a nossa liberdade termina onde começa a liberdade dos outros"(K.Marx). Apresentará o conteúdo dos seus posts de modo satírico, irónico, sarcástico, dinâmico, algo corrosivo, ou profundo e reflexivo, pausado, daí o insistente uso de reticências, para que no termo das suas incursões, os ciberleitores olhem o mundo de uma maneira um pouco diferente... e tendam a "deixá-lo um bocadinho melhor do que o encontraram" (B.Powell). Na coluna à esquerda, o ciberleitor encontrará uma lista de interessantes sítios a consultar, abrangendo distintas correntes político-partidárias ou sociais, que não significará a conotação ou a "rotulagem" do Cidadão abt com alguma dessas correntes... mas tão só a abertura e o consequente o enriquecimento resultantes da análise aos diferentes ideais e correntes de opinião, porquanto os mesmos abordam temas pertinentes, actuais, válidos e úteis, dando especial primazia aos "nossos" blogues autóctones... Uma acutilância aqui, uma ironia ali, uma dica do além... Assim se vai construindo este blogue... Ligue o som e... Boas leituras.

domingo, 29 de dezembro de 2013

A MENSAGEM DE MALALA


A MENSAGEM de malala

 Malala Yousafzai , ملاله یوسفزۍ  a activista paquistanesa que sobreviveu a um violentíssimo ataque perpetrado por terroristas fundamentalistas que não gostam daquilo que ela escreve nos blogues e aquando aos quinze anos de idade de regresso a casa a menina foi surpreendida no autocarro, sendo baleada na cabeça e no pescoço ao que cá o Cidadão abt  tomou a liberdade de assumir o seu discurso como mensagem de ano novo... sem nos esquecermos que as ditas sociedades ocidentais ou desenvolvidas escondem muitas das situações referidas pela menina paquistanesa.
É aqui transcrito na íntegra o que em 12 de Julho de 2013 a menina proferiu nas Nações Unidas, salientando que nem todos teríamos coragem suficiente para de manter os mesmos princípios e prosseguir no mesmo caminho...
No final é postado um pequeno excerto de vídeo onde a menina profere algumas das frases mais pertinentes.

“Muito obrigada em nome de Deus, o mais benevolente e mais misericordioso de todos.

Honorável Secretário-Geral das Nações Unidas, senhor Ban Ki-Moon, respeitável Presidente da Assembleia-Geral, Vuk Geremic, honorável enviado das Nações Unidas, para a educação global, senhor Gordon Brown, respeitáveis pais e meus queridos irmãos e irmãs, assalamu alalkum, obrigada.

Hoje é para mim uma honra estar novamente a falar depois de um grande intervalo de tempo.

É um grande momento da minha vida poder estar aqui junto a pessoas tão honradas e também é para mim uma enorme honra estar aqui envolta num xaile igual ao da mártir Benazir Bhutto...

Não sei por onde iniciar o meu discurso, e também não sei o que as pessoas esperam que eu vá dizer, mas antes de tudo, graças a Deus, acho que todos somos iguais, e obrigado a todos os que têm orado pela minha recuperação e da oportunidade de poder continuar a viver.

Sinto-me incrédula porque não consigo calcular a quantidade de amor que as pessoas em mim têm mostrado.

Recebi cartas de solidariedade, desejos de boas melhoras e presentes de gente de todo o mundo...

Agradeço a todos vós e agradeço às crianças que me têm dado alento com as suas palavras e obrigado aos meus pais e a todos os anciãos que me tem fortalecido na fé de acreditar num mundo melhor.

Gostaria de agradecer aos enfermeiros, aos médicos e ao pessoal auxiliar dos hospitais do Paquistão e dos Estados Unidos da América e ainda aos Emiratos Árabes Unidos que me ajudaram a recuperar e a acreditar que eu venceria e apoio o Secretário-geral das Nações Unidas pela sua iniciativa em prol de uma educação global e também o trabalho do seu enviado Gordon Brown e do respeitável Presidente da Assembleia Geral, Vuk Jeremic.

Agradeço a sua liderança que nos tem incutido o espirito de iniciativa.

Queridos irmãos e irmãs, não se esqueçam de uma coisa...

O dia da Malala não é o meu dia...

Hoje é o dia de todas as mulheres e de todos os meninos e meninas que tiveram a coragem de erguer a sua voz em defesa dos seus direitos.

Por todo o mundo existem centenas de activistas dos direitos humanos que não reivindicam apenas os seus direitos mas que lutam para que alcancemos as metas da paz, da educação, da igualdade.

Milhares de pessoas foram mortas por terroristas e milhões ficaram feridas, e eu sou apenas uma das pessoas que tem oportunidade de dar a voz pelos silenciados.

Sou uma menina como tantas outras e não falo apenas por mim mas quero dar voz àqueles que não são ou não podem ser ouvidos, dar voz a quantos têm lutado pelos seus direitos, pelo direito de viverem em paz, pelo direito de serem tratados com dignidade, pelo direito de igualdade de oportunidades, pelo direito de receberem educação...

Queridos amigos, em 9 de Outubro de 2012 um talibã disparou à queima-roupa sobre o frontal esquerdo da minha testa e pescoço e também disparam indiscriminadamente sobre as minhas amigas, pensando que assim as suas balas nos silenciariam...

Mas enganaram-se...

E dessa tentativa de silenciamento brotaram milhares de outras vozes.

Os terroristas pensavam que me alterariam os objectivos e me anulariam as minhas ambições, mas nada na minha vida mudou, a não ser isto:

A fraqueza, o medo e o desespero morreram... e a força, o poder e a coragem nasceram nesse dia! Foi isto que o terrorista me fez.

Sou a mesma Malala, exactamente com as mesmas ambições, as mesmas esperanças e os mesmos sonhos!

Queridos irmãos e irmãs... Não sou contra ninguém nem aqui estou para me vingar do talibã ou de qualquer outro grupo terrorista.

Vim aqui para vos falar da educação a que todas as crianças têm direito.

Eu desejo educação para os filhos e as filhas dos talibãs e de todos os outros movimentos terroristas e extremistas.

Nem mesmo o ódio do talibã que sobre mim disparou, nem mesmo que naquele exacto momento eu tivesse uma arma em meu poder, jamais sobre ele dispararia.

Foi esta a compaixão que me ensinaram Maomé, o profeta da misericórdia, Jesus Cristo e Buda!

Foi esse o legado que me deixaram Martin Luther King, Nelson Mandela e Mohhammed Ali Jinah.

Foram estes, os princípios da não-violência que aprendi com Gandhi, Bacha Khan e Madre Teresa de Calcutá e foi este perdão que os anciãos me ensinaram...

Isto é o que a minha alma me diz, que eu seja pacífica e ame a todos.

Queridas irmãs e irmãos... Só quando nos encontramos na escuridão é que percebemos a importância da luz, tal como só quando nos tentam silenciar é que percebemos a importância da nossa voz...

Da mesma maneira que quando estávamos em Swat, no Norte do Paquistão, só percebemos a importância dos lápis e dos livros quando vimos a escrita das armas...

Bem tinha razão o velho sábio quando observou que a caneta é mais importante do que a espada.

Os extremistas tinham e continuam a ter medo dos livros, dos cadernos e dos lápis, porque é o poder da educação que mais os assusta.

Eles têm medo da coragem das mulheres porque o poder da voz das mulheres também os assusta.

Foi por isso que os extremistas mataram 14 alunos inocentes no atentado de Quetta.

Foi por isso que mataram os professores em Khiber Pakhtunkhwa... 

E é por isso que atacam as escolas, porque têm medo da mudança para a igualdade, em que a nossa sociedade caminha.

Lembro-me de uma criança da minha escola que perguntou a um jornalista sobre os motivos de um talibã ser contra a educação e o jornalista, apontando para seu caderno diário apenas me respondeu ; 
“Porque um talibã não calcula o que está escrito nas folhas deste caderno...”

Os fundamentalistas pensam que Deus é um ser pequeno e conservador que aponta o revólver à cabeça daqueles que querem ir à escola...

Os terroristas estão a fazer uso do Islão e da sociedade Pashtun para o seu próprio benefício.

O Paquistão é um país pacífico, amoroso e democrático.

Os paquistaneses querem educação para as suas filhas e filhos e o Islão é uma religião de paz, humanidade e fraternidade.

O Islão ensina que as crianças não só têm direito à educação, como também é de seu dever e responsabilidade.

Honorável Secretário-geral, a paz é necessária para que se fomente a educação e em muitas partes do mundo, como por exemplo no Paquistão e no Afeganistão, o terrorismo e o fundamentalismo privam as crianças de ir às escolas, as guerras e os conflitos privam as crianças de irem às escolas.

Estamos cansados das guerras.

Em todo o mundo, as mulheres e as crianças sofrem de muitas formas e diferentes maneiras...
Por exemplo na Índia as crianças pobres e inocentes são exploradas no trabalho infantil e no comércio do sexo e as mulheres são selvaticamente violadas e na Nigéria as escolas são destruídas...
No Afeganistão as populações são condicionadas pelos extremismos.

Meninas de tenra idade têm que fazer o trabalho doméstico e são forçadas a relações sexuais e a casarem-se cedo.

A pobreza, a ignorância, a injustiça, o racismo e a privação dos direitos e dos bens essenciais são os principais problemas enfrentados por homens e mulheres de todas as idades.

Caros ouvintes, incido sobre a educação para as mulheres e para as meninas, porque são as que na sociedade sofrem mais.

Houve tempos em que os activistas sociais pediam aos homens para defenderem os seus direitos, mas desta vez seremos nós mesmas a fazê-lo.

Com isto não quero dizer que os homens se privem de manifestar pelos direitos das mulheres mas realço que as mulheres devem ser independentes e lutar por elas mesmas, sem dependerem da anuência ou da complacência dos homens.

Então, queridos irmãos e irmãs, chegou a hora de erguermos as vozes!

Hoje pedimos aos líderes mundiais para mudarem as suas estratégias políticas em prol da paz e da prosperidade.

Pedimos aos líderes mundiais que todas as negociações protejam os direitos das mulheres e das crianças, porque é inaceitável qualquer negociação que vá contra os direitos das mulheres e das crianças.

Pedimos a todos os governos para que assegurem a educação gratuita e obrigatória, em todo mundo e para todas as crianças sem excepção.

Pedimos a todos os governos para combaterem o terrorismo e a violência e assim protegerem as crianças da brutalidade e dos danos.

Pedimos aos países desenvolvidos para que apoiem a globalização dos programas e das oportunidades educacionais, incidindo nos países subdesenvolvidos.

Pedimos às comunidades que sejam tolerantes e que rejeitem os preconceitos da raça, da religião, da cor, do credo, da seita, da cor, do sexo, para que promovam a igualdade para as mulheres e os povos possam florescer.

Nunca poderemos triunfar enquanto metade de nós for impedida.

Pedimos às nossas irmãs de todo o mundo para que sejam valentes, corajosas, para aceitarem a força que trazem dentro de si e darem-se conta de todos os seus potenciais!

Queridos irmãos e irmãs, queremos escolas e educação para que no futuro cada criança brilhe e assim construamos um mundo melhor, enveredando pelos trilhos da paz e da educação.

Ninguém pode, nem nos poderá deter!

Vamos erguer as nossas vozes pelos nossos direitos, fazendo a mudança pela diferença!

Nós acreditamos na força e no poder das nossas palavras e as nossas palavras podem modificar o mundo inteiro porque estaremos juntos e unidos pela causa da educação e se quisermos alcançar esta meta então apodere-mo-nos da arma do conhecimento e proteja-mo-nos na união e na fraternidade.

Queridos irmãos e irmãs, nunca nos devemos esquecer que neste momento milhões de pessoas estão a sofrer com os estigmas da pobreza, da injustiça e da ignorância.

Nunca nos devemos esquecer que milhões de crianças não recebem escolaridade nem nunca nos deveremos esquecer que os nossos irmãos e irmãs estão esperançados num futuro brilhante e pacífico.

Só assim... Só assim travaremos uma batalha gloriosa contra o analfabetismo e a iliteracia, a pobreza e o terrorismo.

Connosco levaremos os lápis, os nossos cadernos e os nossos livros, pois são as nossas armas mais poderosas.

Uma criança, um professor, um livro e um lápis podem mudar o mundo.

A educação é a única solução.

A educação em primeiro lugar.
Muito obrigada.”                              ਬਹੁਤ ਹੀ ਬਹੁਤ ਕੁਝ ਧੰਨਵਾਦ